Mapeamento saído do forno da Nielsen no varejo brasileiro confirma o acirramento de uma tendência que vem encorpando nos últimos anos. Em 2015, o volume de vendas nas chamadas lojas com balcão (padarias, mercearias, empórios) caiu 4,5%. Sem contar o canal farma (farmácias e drogarias), que subiu 0,7 %, também o varejo tradicional, representado por bares, caiu 4,8%. Nos supermercados de vizinhança, houve leve subida de 1,2%, enquanto que, nos hipermercados (de 20 a 49 caixas), o decréscimo foi de 1%. A pesquisa da Nielsen, no entanto, não inclui dados do atacarejo, formato que mais cresce no país. Segundo a Associação Brasileira do Atacado de Autosserviço (Abaas), o setor avançou 15% em termos nominais em 2015.
Transposto para a ala doceira, esse resultado é personificado pela rede Doces Vaz, que acaba de inaugurar a sua terceira loja de atacarejo no bairro do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo. “Realmente há uma crise, mas ela só intensifica a busca pelo aprimoramento do negócio”, assinala Raul Vaz, diretor da cadeia atacadista.
Com investimento próprio na faixa de R$ 10 milhões, a unidade segue o padrão das outras lojas, com 1.500 metros quadrados de área de venda, porém com layout modificado que, segundo Vaz, favorece o acesso às diversas categorias de produtos. “A própria geometria da loja, em comparação com a do Jabaquara ou a de Diadema, permite um melhor fluxo, com mais visibilidade e fácil alcance às prateleiras”, ele resume. Instalada na Estrada de Itapecerica, uma das principais vias do extremo sul paulistano, a loja possui estacionamento para clientes e baia de carregamento frontais, registrando movimento diário de cerca de 600 pessoas, calcula Vaz. “É menos que os aproximadamente mil compradores das outras unidades, mas estamos apenas começando”, observa.
Para o empresário, o ponto é ainda mais promissor que as demais lojas da rede pela baixa concorrência em toda região, que abrange zonas populosas como Jardim Ângela, Jardim São Luiz e Capão Redondo. “Fizemos uma pesquisa que incluiu outras áreas da Capital e Grande São Paulo, mas batemos o martelo pelo Campo Limpo pelo potencial que superou todos os outros bairros cogitados”, comenta Vaz .
Também o mix de produtos segue a referência das demais lojas, com cerca de 2 mil itens e vendas puxadas por chocolates, balas, gomas de mascar, doces diversos e apetrechos de culinária. A programação de cursos, que alavancou o giro desses itens de doçaria, mobiliza cerca de 600 alunos em 20 cursos mensais. “É uma atividade que cresce em tempos de crise como a atual e da qual hoje não podemos ficar sem”, argumenta Vaz.
Firmadas sempre que interesses da indústria e do trade são definidos, as parcerias na Doces Vaz culminam em geral em queima sumária de estoques. Uma vez eleita uma linha-alvo da promoção, entram em cena ajustes de quantidade e preço, sempre estabelecidos com vantagens para cada lado da negociação. É assim que o atacado mantém turbinadas as vendas de candies. Com compras diretas dos fornecedores, a Doces Vaz opera de três a quatro ações promocionais por mês para garantir fluxo no ponto de venda (PDV). Para Vaz, a realização das promoções já é um atrativo das lojas e clientes que, se antes mantinham uma frequência mensal ou quinzenal, agora passam semanalmente no atacado para conferir as ofertas.”Fazemos rodízios de área e categoria de produto, buscando sempre ter ao menos um terminal de ponta de gôndola com promoção, pois ele é o cartão de visita da loja. O cliente entra, vê e já é atraído para a compra”, sublinha o diretor. Entre as parcerias que tem alcançado mais êxito na rede ele cita marcas como Bel, Fini, Mavalério e Harald. “Eles são os mais frequentes”, frisa. Por conta dessa atuação, a Doces Vaz fechou 2015 com crescimento de 5%, considerado o faturamento de apenas duas lojas. Segundo estima Raul Vaz, a distribuidora movimenta cerca de cinco toneladas de doces por mês. Além das vendas diretas nos checkouts, que abocanham metade da receita geral, complementam o caixa as vendas externas, com entregas a cargo de frota de cinco veículos próprios e 14, terceirizados. •