Você já quis comer algo que relembra um dia marcante de sua vida, ou uma preparação culinária de alguém que você tem ou tinha muito carinho? Isso pode parecer trivial, mas os alimentos carregam consigo muito significado e carinho.
“O conceito de comfort food é do alimento que ‘te abraça confortavelmente’ e te transporta a um momento do passado; pois remete ao lado afetivo que esse alimento pode transmitir ao ser ingerido”, diz a Professora Maria Jousianny Patrício, de Nutrição do Unipê – Centro Universitário de João Pessoa.
O termo comfort food foi criado nos anos 1990 e sempre apareceu na literatura e publicidade. Segundo a nutricionista, falar em “comida de conforto” é atrelar à alimentação um papel que transcende os valores nutricionais e que alcança memória afetiva simbólica. A comida traz o conforto emocional e, em tempos de pandemia, guerra e de rotina estressante faz as pessoas buscarem o bem-estar no ato de comer, pois confortar o psicológico e ainda consumir um alimento gostoso é tudo que o indivíduo quer na conjuntura atual.
A literatura científica mostra que a relação afetiva com os alimentos comfort food não está só na alimentação consumida, mas em toda uma representação e um vínculo emocional criado de forma geral no preparo e consumo desses pratos. “Há uma atração por alimentos mais palatáveis, reconfortantes, que tragam alguma lembrança passiva e tranquilizadora, que remetem a alimentos caseiros como o bolo de cenoura com calda de chocolate da vovó e o pavê de chocolate da tia que retratam a relação afetuosa entre uma pessoa e determinada preparação culinária”, exemplifica.
O comfort food remete a comida reconfortante, vinda do lar, caseira, recém-preparada e preferência com temperatura elevada – apesar desse aspecto ser divergente entre as pessoas. “O que se destaca é a importância da percepção desse alimento e do quão significativo é na construção pessoal de cada indivíduo”, pontua.