Trailer da indústria 4.0

Bosch brasileira estreia na Interpack 2017 com linha de fabricação exclusiva
Sistema de calhas vibratórias trunfo da Bosch brasileira na Interpack 2017.

Uma das peculiaridades da feira alemã Interpack, considerada maior vitrine de tecnologia, embalagens, máquinas e soluções para a indústria, é a sua realização a cada três anos. A opinião geral é unânime quanto ao intervalo, necessário para que a mostra realmente apresente novidades e lançamentos, inviáveis em prazo mais curto. A exibição do grupo Bosch neste ano justificou plenamente essa periodicidade. Pela primeira vez, a unidade brasileira se juntou às demais subsidiárias em uma das maiores participações da companhia no evento, realizado entre 4 e 10 de maio, em Düsseldorf, Alemanha. “Enviamos nossa equipe técnica e de vendas, especialmente preparada para dar apoio a clientes do Brasil e América Latina presentes na feira”, observa Alexander Röpke, gerente geral da Bosch Tecnologia de Embalagem, sediada em São Paulo. A participação da Bosch brasileira incluiu a exibição do sistema de distribuição de biscoitos através de calhas vibratórias incorporado a uma das quatro plantas modulares completas montadas no espaço da empresa, um dos maiores da feira. “Fomos selecionados pela qualidade e performance do nosso sistema”, frisa Röpke, acrescentando que a concepção e a produção das calhas vibratórias são uma exclusividade da unidade brasileira.

Segundo o dirigente, a corporação decidiu desta vez focar menos no detalhamento de máquinas individuais e destacar a operação integrada em uma unidade de produção. A ideia foi exibir os equipamentos integrados aos sistemas e operando desde a fase de pré-processamento até o empacotamento final e encaixotamento, tudo automaticamente e com maquinabilidade, repetitibilidade, velocidade, higiene e limpeza. “Nosso time incluiu técnicos capazes de detalhar cada equipamento e também todo o funcionamento e as diversas possibilidades de uma linha modular”, enfatiza Röpke.

Röpke equipe técnica do Brasil para apoiar clientes da América Latina.

Em sua imensa ala dedicada a alimentos – a Bosch também exibiu novidades para o reduto farmacêutico –, a empresa levou soluções da chamada indústria 4.0 em plantas modulares para a fabricação de chocolate em barras, biscoitos, confeitos à base de gelatina (jellies), produtos em pó, laticínios (dairy) e snacks, reporta o gerente geral. O sistema desenvolvido pela unidade brasileira e incorporado ao módulo de produção de biscoitos na feira sobressai por utilizar um alimentador que organiza os produtos em pilhas múltiplas.

“Enquanto a maioria dos sistemas opera com no máximo duas pilhas, o nosso atinge três, quatro ou quantas pilhas forem necessárias”, grifa Röpke. Além da facilidade de limpeza e higienização, cruciais em linhas de alimentos, a transportadora também marca pontos pela condução suave dos biscoitos, reduzindo drasticamente o índice de quebras. “Praticamente, eliminamos esse problema”, assegura o gerente geral. Entre as novidades nesse módulo, ele sublinha a encaixotadora ITC (Integrated Topload Cartoner) de fim de linha, que em breve será também fabricada no Brasil, antecipa ele. O equipamento é produzido pela Bosch Packaging Tecnology, do Reino Unido, em parceria tecnológica com a Kliklok Corporation, recentemente adquirida pelo grupo Bosch.

Outro ponto alto na feira pôde ser conferido na estação modular da Bosch para barras de chocolate e cereais (musli ou proteína), com opções de empacotamento de acordo com as necessidades do fabricante. “Perfis diversos de maquinabilidade conferem flexibilidade à linha”, nota Röpke, destacando entre os lançamentos da grife Sigpack – todos integrados ao módulo – o sistema sem costura para produção constante de até 1.500 barras por minuto em embalagem primária, operando com linha para embalagem secundária sincronizada em alta velocidade com o empacotador de fluxo Sigpack HRM. Trata-se de uma estação seladora transversal que opera com velocidade de filme de até 150 metros por minuto.

Demanda estabilizada
Embora tenha sido incorporado ao módulo exibido na Interpack, o sistema transportador da Bosch já era conhecido da indústria brasileira, em suas gerações anteriores e permanentemente atualizadas. “Essa evolução constante permitiu a sua integração à planta modular exibida na Interpack, mas temos cerca de 200 sistemas instalados no Brasil”, informa Röpke. Dois anos seguidos de recessão econômica transfiguraram o perfil da indústria local de biscoitos, nota ele, com uma estabilização na demanda de linhas para itens de maior valor agregado. “Pelas informações que temos, apenas fabricantes de biscoitos mais básicos estão conseguindo manter os volumes”, ilustra o gerente geral. Para ele, a inserção de itens que exigem mais tecnologia e novas linhas de produção praticamente está estagnada. “Compensamos a queda nas vendas internas com exportações e assim conseguimos fechar 2016 no azul”, analisa o executivo, completando que o mais importante foram as tecnologias incorporadas à produção de máquinas e soluções desenvolvidas no Brasil.

Essa conjuntura influenciou o desenvolvimento dos sistemas modulares, adequando as linhas de produção de biscoitos – até então, invariavelmente, imensas – a capacidades de acordo com o movimento da demanda de mercado. “Por esse conceito, é possível investir em tempos de crise em um conjunto de porte reduzido que, depois, conforme a evolução das vendas, pode ser facilmente expandido”, pondera Röpke.
Ele posiciona que mais de 50% do faturamento da unidade brasileira no último ano couberam aos embarques para toda a América Latina, Central, Estados Unidos, Rússia, Índia, China e Tailândia. O índice superou em mais de 100% a fatia das exportações na empresa em relação ao exercício anterior. “Essa demanda foi bastante pulverizada, com destaque para os sistemas de alimentação, empacotadoras verticais e sistemas completos para clientes de toda América Latina”, assinala Röpke.

Apesar da lenta reabilitação da produção industrial brasileira, ele considera 2017 um ano de retomada, que deve vingar no segundo semestre. Muitos clientes da Bosch, pondera ele, interromperam projetos de reforma, atualização e até de expansão no início do ano passado, sinalizando já nos primeiros meses a intenção de reiniciar esses planos. “Isso deve acontecer em 4-6 meses”, prevê. •

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