Saúde no copo

Preferência por bebidas que fazem bem ao corpo sustenta a demanda de ingredientes
Soluções em Ingredientes para sucos e refrescos onda saudável mantém a demanda de insumos aquecida.
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Depois da ascensão paralela ao avanço da classe C, o setor de bebidas não alcoólicas mergulhou em um turbilhão de altos e baixos. Na cena atual, a expectativa é de queda geral em volume, porém, atentas às tendências e mudanças nos hábitos, as marcas reforçam apostas em sucos integrais e funcionais, filão ainda com perspectiva de expansão, com alta explosiva na demanda nos últimos dois anos. Categoria de maior crescimento no setor de sucos prontos para beber (SPB), os sucos integrais devem avançar 36,3% entre 2016 e 2018 no Brasil (ou 10,8% ao ano), chegando a 492 milhões de litros, estima a fabricante de linhas de envase e embalagens cartonadas Tetra Pak, em seu estudo global sobre consumo e tendências realizado anualmente. O ritmo do avanço, no entanto, é agora bem mais lento do que no triênio anterior, quando o consumo de suco integral em caixinhas no Brasil (incluindo água de coco) subiu em torno de 30% ao ano, saindo de 167 milhões de litros em 2012 para 361 milhões de litros em 2015, capta a pesquisa.

Na avaliação da ala de ingredientes, elo anterior na cadeia de produção das categorias de sucos prontos e refrescos em pó, os consumidores estão mudando seus hábitos e buscam opções que ofereçam redução de açúcar, menor teor de sódio, apelo natural e valor agregado através da funcionalidade das fibras, vitaminas e minerais. “O mercado de bebidas fortificadas/funcionais no Brasil, por exemplo, registrou no ano passado uma taxa de crescimento de 11% em vendas, cifra ligeiramente abaixo da registrada em 2014, alcançando vendas de R$ 8,2 bilhões”, repassa Rafael Adalberto Ribeiro Querido de Godoy, analista de novos negócios da Kilyos, representante local da americana Balchem, fonte de sais e minerais para alimentos e bebidas. Para ele, essa categoria continua atraindo os consumidores, apesar da situação econômica desfavorável, apresentando performance melhor do que filões consolidados, como o de bebidas consideradas simplesmente saudáveis.

Segundo Godoy, dentro da categoria de fortificadas/funcionais, os chamados energéticos abocanharam 40% de share em vendas (valor) em 2015, seguidos por achocolatados em pó enriquecidos, concentrados vitamínicos e sports drinks. Os principais players desse filão continuaram a dominar a demanda de saúde e bem-estar (health & wellness) no ano passado, mesmo com a alta registrada nos custos de matérias-primas e produção. Mas a pressão para manter os preços em uma faixa ao alcance do consumidor brasileiro acabou afetando menos as grandes companhias. Entretanto, o número crescente de empresas e marcas de menor porte e regionais aponta oportunidades em nichos diversos, com diferentes posicionamentos de preços, observa ele. “Produtos com esse perfil devem continuar a atrair a atenção dos consumidores, já que estão alinhados com a crescente busca de um estilo de vida mais saudável, além de serem adequados para rotinas atribuladas e muitas atividades diárias, para as quais se busca uma dose extra de energia”, comenta Godoy. Além disso, ele completa, a crescente disponibilidade de produtos abordando diversos benefícios dentro da categoria, tais como controle de peso e propriedades digestivas ou variantes detox, deve contribuir para impulsionar as vendas, bem acima das versões sugar free ou light.

De olho nas tendências e exigências do consumidor brasileiro, a Albion, divisão do grupo Balchem, disponibiliza soluções de alto valor em termos de nutrientes, com alta biodisponibilidade e fácil absorção, destaca Godoy, complementando que a Kilyos é representante exclusiva desse portfólio. Entre as novidades, ele inclui soluções como a linha Taste Free, desenvolvida especialmente para aplicações em alimentos e bebidas com a característica de não conferir sabor algum. O mix para bebidas da Albion abrange 22 itens dos quais sobressaem o Cálcio Bisglicinato Quelato, o Ferro Glicinato Quelato, o Ferro Glicinato Quelato – Taste Free Super Fine, o Magnésio Bisglicinato Quelato e o Zinco Bisglicinato. “Além disso, o Cálcio Citrato Malato também se destaca na aplicação em bebidas, sendo usado, por exemplo, na fabricação de sucos”, sublinha o porta-voz da Kilyos.

Ele destaca ainda a linha de sais à base de colina, da Balchem, que pode ser empregada na redução de sódio e na fortificação de alimentos. Um dos itens mais inovadores do portfólio é o cálcio citrato malato, devido à versatilidade, com aplicações em suplementos, alimentos e bebidas, além de contar com uma extensa gama de estudos que comprovam a sua eficácia.

Ganhos visíveis
Supridora de aromas, corantes e blends de edulcorantes, a Vogler confirma a ênfase em tendências como naturalidade e funcionalidade em linhas de bebidas. “É recorrente a busca por ingredientes mais naturais, mas a corrente de redução de açúcar ainda vem em primeiro lugar”, observa Régis Inácio, gerente de marketing da distribuidora. Para ele, essa procura tende a se intensificar ainda mais com a aprovação este ano de medida que permite às formulações de bebidas não alcoólicas serem híbridas. Entre os destaques do portfólio da Vogler para essas aplicações, ele inclui a linha de blends de edulcorantes, na qual o substituto de açúcar é adaptado ao perfil de cada produto. Também em alta, os corantes naturais sobressaem na lista dos itens mais recrutados, principalmente os tipos não declarados como corantes mas como ingredientes, uma das grandes inovações para o setor, considera Inácio. “A grande tendência do momento, no entanto, é a incorporação de insumos que trazem ganhos sensíveis e visíveis à saúde, menu esse puxado por fibras, colágenos e carotenóides, entre outros itens funcionais”, ele frisa.

Tradicional fornecedora dos segmentos de refrescos em pó e SPB, a Vogler oferece um portfólio extenso no qual se destacam linhas de corantes, acidulantes, conservantes, antioxidantes, gomas e fibras, produtos para redução de açúcar, colágenos e corantes naturais, entre outras. Apesar das inovações de cor, sabor e textura implementadas pelas marcas de ambas as categorias, Régis nota maior desenvoltura dos fabricantes de SPB para inovações. Atenta a essa característica, a Vogler desenvolveu a linha Fruitmax, que oferece alternativa para a fabricação de bebidas sem adição de corantes. “São em síntese ingredientes que colorem naturalmente”, frisa. Quanto às tendências que devem desfilar no próximo verão, ele aposta em refrescos e sucos com propostas de cuidados com a beleza. Para ele, a onda de saudabilidade deve se estender ainda por muitos anos. Um grande número de novidades se encontra em fase embrionária e, a cada descoberta de aplicação, nascem linhas inteiras de ingredientes. “As aplicações de colágeno, por exemplo, vão nessa linha e indicam ainda muitas oportunidades pela frente”, assinala o gerente da Vogler. A procura por produtos mais naturais também deve ser intensificada, a exemplo da ascensão da Stevia, que altualmente virou coqueluche entre as alternativas naturais para o açúcar. “O mercado de refrescos em pó enfrenta o desafio de criar produtos com baixo custo, enquanto o filão de SPB vive um grande momento no Brasil para ousar”, analisa Inácio. Em muitos países, ele conclui, as bebidas incorporam itens específicos para determinadas horas do dia, sendo um para o café da manhã; um energético natural no período da tarde ou um relaxante para o final da noite. “Produtos formulados a partir de ingredientes naturais com essa formatação são associados a ganhos pelos consumidores e devem puxar a próxima linha de tendências no setor de bebidas”, antecipa o gerente.

Na Daxia, outra fonte nacional do setor de insumos, a diretora Helô Varconte Blanco observa ser ainda significativo o aumento na demanda de certos tipos de ingredientes destinados às categorias de refrescos e sucos prontos. Contrariando as estatísticas de queda geral nos volumes, com retomada na demanda de refrescos em pó, os pedidos na distribuidora seguem na ascendente para ambos os segmentos. Além de itens básicos como ácido cítrico, ácido ascórbico, fosfato tricálcico, goma xantana, CMC (carboximetilcelulose) e corantes naturais e artificiais, o portfólio da Daxia atende a clientela de bebidas e alimentos com especialidades na ala de adoçantes artificiais, entre outras.

“Em termos de inovação, desenvolvemos uma linha de corantes naturais que inclui itens à base de cúrcuma, que confere o tom amarelo; de antocianina (responsável pela cor roxa), spirulina (azul) e clorofila (verde)”, assinala Helô, acrescentando que o mix completa as linhas tradicionais à base de carmim de cochonilha e urucum. “Em alta nas formulações de bebidas, os corantes naturais conferem adicionalmente estabilidade da cor que desperta o interesse pelo seu consumo, sem interferir negativamente nas qualidades nutricionais do alimento”, grifa a executiva. Como tendência para o próximo verão, ela também aposta na continuidade da busca pelo saudável. Dentro dessa perspectiva, a Daxia desenvolveu a linha Docemix, de adoçantes artificiais, para substituição total ou parcial de açúcar, com imperceptível sabor residual.

Jane Barbalho Vieira, gerente de marketing do grupo Döhler, fonte global de soluções com ingredientes naturais, nota que os preços finais das bebidas ainda impactam a decisão de compra mas, preocupado com a saúde e melhor qualidade de vida, o consumidor busca itens enquadrados nesse perfil. “Para o segmento de refrescos em pó, além da substituição de qualquer aditivo artificial, o destaque do próximo verão vai para os produtos sem açúcar adicionado ou pelo menos com alta redução do açúcar refinado”, observa ela. Já para o segmento de sucos prontos, acrescenta a especialista, devem prevalecer linhas com adição de funcionalidade, através de vitaminas, minerais e cereais acentuando os conceitos snack drink e breakfast drink para maior saciedade e nutrição, além de conveniência, via itens com embalagens portáteis para consumo on the go.

Refrescos e SPB figuram hoje entre os mais importantes mercados do grupo Döhler, reconhecido mundialmente pelo know-how na ala de bebidas. Com um portfólio de cerca de 10 mil aplicações a partir de 4 mil matérias-primas, a Döhler aciona mais de 2.500 ingredientes nos dois segmentos, contabiliza a executiva. Entre as inovações recentes, ela destaca as soluções em aromas naturais, corantes naturais (com tonalidades que começam no amarelo, passam pelo laranja, rosado e roxo e terminam no vermelho); e inclusões de frutas (pedaços e células de fruta); sucos e purês. “A linha MultiSense Flavours exibe tecnologia que oferece cor, sabor e corpo para promover experiências multissensoriais e a MultiSweet Fruit reúne um sistema de dulçor natural proveniente da fruta, enquanto a MultiSweet Stevia e a MultiSweet Classic incorporam edulcorantes de alta intensidade”, frisa Jane, assinalando ainda os sistemas SRT (Sugar Reduction Technology), de aromas para redução de açúcar de forma natural; e SIT (Sweeteness Improving Technology), que mascara as notas metálicas deixadas pelos edulcorantes. •

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