Entre as macrotendências identificadas no livro “Brasil Bakery & Confectionery Trends 2020”, a que se refere à naturalidade e autenticidade*, corrente de consumo relacionada ao aguçamento do desejo por alimentos mais saudáveis, autênticos e naturais, é a que desperta maior interesse na indústria de confeitos (confectionery). De chocolates, balas, chicles, snacks e biscoitos a bebidas em pó e sucos prontos, a tendência de agregar valor às linhas tornando-as mais saudáveis é a que ainda empolga lançamentos e as vendas, estabilizadas nos segmentos mais convencionais. “A palavra natural é percebida como um símbolo de muitos atributos de qualidade de um alimento”, argumentam Marise Bonifácio Queiroz e Elizabeth Harumi Nabeshima, pesquisadoras do Centro de Tecnologia de Cereais e Chocolate (Cereal Chocotec), do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), autoras do capítulo dedicado à naturalidade e autenticidade. Na entrevista a seguir, elas jogam luz sobre eventuais dúvidas desse tema.
DC – Qual é o problema com relação à palavra natural?
Marise e Elizabeth – Ela é percebida como um símbolo de muitos atributos de qualidade de um alimento saudável, ou seja, integral, verdadeiro ou real (não sintético) e minimamente processado. Mas o crescimento da demanda do consumo relacionado aos produtos naturais tem consolidado um mercado permeado de ambiguidade, polêmica e contradição, uma vez que este não é capaz de delimitar com precisão o que é ou não natural, principalmente devido à ausência de uma diretriz para definir o que pode ou não ser considerado natural.
DC – Como a macrotendência da naturalidade impacta o setor de confectionery?
Marise e Elizabeth – De forma resumida, as principais inovações de ambos os setores indicam a exclusão ou redução dos aditivos artificiais, substâncias químicas ou GMOs (Organismos Geneticamente Modificados), além dos livres de alergênicos e de intolerantes alimentares, ofertando ao consumidor produtos com simplificação da formulação, menos processados, e com adição de ingredientes integrais e funcionais.
DC – E na ala de bakery?
Marise e Elizabeth – Nesse filão, umas das categorias com maior crescimento são os integrais, com os lançamentos apresentando variações através da incorporação de grãos inteiros, grãos ancestrais, multigrãos, fibras concentradas, fontes vegetais de antioxidantes etc. Outra categoria em ascensão é a livre de glúten, que surpreendentemente transpôs o limite da doença celíaca, com a ampla divulgação em dietas de emagrecimento, e vem ganhando mercado cada vez mais sólido através da comunicação de claims (alegações) que trazem a percepção de um produto mais saudável, natural e seguro.
DC – Seguindo a macrotendência, quais as principais novidades no campo dos confeitos?
Marise e Elizabeth – Em produtos de confectionery as principais inovações ocorrem através dos claims como os clean label, free from e a inclusão de ingredientes funcionais, principalmente através das frutas e concentrados vegetais, que além de adicionar valor nutricional e funcional, podem atuar como substitutos de aromas e corantes artificiais.
DC – E como a macrotendência da autenticidade interfere no processo?
Marise e Elizabeth – Outra plataforma de inovação, que pode ser considerada como grande aliada da naturalidade, é a autenticidade, ao proporcionar maior segurança, qualidade e rastreabilidade aos produtos. Com isso, agregam valor através de garantias de origem, de composição, além de envolver questões de sustentabilidade ambiental e social.
Tanto em bakery como em confectionery, esse claim tem sido valorizado pelo mercado e a comunicação nos rótulos ocorre com a indicação de produto real, autêntico, sem imitação, entre outras. Alguns exemplos são o real bread, real fruit, real chocolate e os chocolates de origem. •
(*) O conteúdo completo da macrotendência “Naturalidade e Autenticidade” está disponível para livre acesso através de download da publicação “Brasil Bakery&ConfectioneryTrends 2020” no link: www.BakeryConfectioneryTrends.com.br
