Melhor se for natural

Euromonitor International atesta a vanguarda de alimentos "livres de" e orgânicos entre itens saudáveis
Maria Mascaraque
Maria Mascaraque: ser natural é prioridade dos consumidores

Embalada por uma demanda que avança de braçadas no Brasil, o setor de alimentos e bebidas orgânicos e naturais alcançou faturamento superior a R$ 92 bilhões em 2017, dimensiona a Euromonitor International. Segundo projeções da consultoria, a produção e demanda de itens enquadrados nos dois segmentos devem crescer a uma taxa de 4,4% ao ano nos próximos quatro anos, colocando o Brasil na quarta posição entre os maiores mercados mundiais. “Ser natural é a prioridade dos consumidores, o que ajuda a explicar porque os alimentos industrializados free-from (livres de) e os orgânicos continuam a liderar o segmento de produtos saudáveis”, analisa Maria Mascaraque, consultora de alimentos e nutrição da Euromonitor. Na entrevista a seguir, a executiva avalia e comenta a evolução do setor no Brasil e no mundo.

DR – Como evolui o mercado de produtos saudáveis?
Maria Mascaraque – Embora as vendas globais de alimentos industrializados saudáveis na América Latina estejam encolhendo a uma taxa de 2% ao ano, entre 2012 e 2017 as vendas de alimentos industrializados “livres de” aumentaram a uma taxa de 8% ao ano, mostrando a crescente conversão do público a essas modalidades de alimentação.

DR – O que está por trás dessas mudanças?
Maria Mascaraque – Consumir produtos ou ter uma dieta associada ao natural é a prioridade número um dos consumidores na atualidade e, dentro das opções desse cardápio, os alimentos industrializados free-from – onde se enquadram guloseimas isentas de açúcar, gordura trans, glúten, aromas e corantes artificiais – e itens orgânicos são os de maior demanda. É verdade que os consumidores buscam funcionalidade nos alimentos que consomem, mas essa busca só é plenamente satisfeita se for obtida por meio dos ingredientes naturais. Assim, eles estão também exigindo maior transparência e simplicidade das marcas que comem, bem como buscando alternativas baseadas em plantas que sejam percebidas como mais naturais e saudáveis.

DR – Onde estão os maiores mercados?
Maria Mascaraque – A América do Norte e a Ásia foram os maiores mercados em termos de venda de alimentos industrializados saudáveis em 2017. Já a região da Australásia, embora tenha sido o mercado de menor registro de vendas totais de alimentos industrializados saudáveis no ano passado, se destaca por apresentar o maior consumo individual nessas modalidades, com vendas avaliadas em US$ 350/per capita no período.

DR – Quais outros mercados se destacam?
Maria Mascaraque – A Ásia, Oriente Médio e África impulsionaram as vendas globais de alimentos industrializados saudáveis entre 2012 e 2017. Por outro lado, a Europa Oriental é a região que apresenta a menor taxa de crescimento no mesmo período. De fato, as vendas de alimentos industrializados free-from ou livres de estão crescendo em todas as regiões, exceto na Ásia.

DR – E qual a posição do Brasil?
Maria Mascaraque – As vendas de alimentos industrializados sem glúten florescem no Brasil enquanto as vendas de produtos alternativos de soja estão em declínio. Mas uma amostra do potencial desse mercado no país pode ser percebido na realização da última edição simultânea da Bio Brazil Fair – Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia e da Naturaltech – Feira Internacional de Alimentação Saudável, Suplementos, Produtos Naturais e Saúde, em junho, em São Paulo. Ambas as feiras contaram com mais de 500 marcas, que apresentaram ao mercado e aos consumidores cerca de 1.500 lançamentos em produtos orgânicos certificados (alimentos, cosméticos, roupas, acessórios), naturais e de promoção da saúde (alimentos funcionais, probióticos e integrais, produtos vegetarianos e veganos, suplementos alimentares, cosméticos naturais, produtos de limpeza e higiene, fitoterápicos e terapias complementares). •

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