Gangorra de preços

Thomas Hartmann
Thomas Hartmann
Thomas Hartmann

A gangorra dos preços do cacau completou mais um movimento de vaivém durante outubro. Depois de ainda prosseguir com a queda iniciada nos últimos dias de setembro, a tendência reverteu a partir da segunda semana de outubro e os preços voltaram a subir, aproximando-se novamente aos níveis altos do mês anterior. No início de novembro, o contrato do mês mais negociado na Bolsa de Nova York fechou cotado a US$ 3.295. A partir de meados de maio, quando ultrapassaram o patamar em torno US$ 3.050 pela primeira vez desde outubro de 2014, as cotações do cacau em Nova York têm oscilado repetidas vezes para cima e para baixo entre esse nível e US$ 3.300, para onde estão novamente tendendo a caminhar.

A principal notícia fundamental do período foi a publicação das moagens de cacau do terceiro trimestre dos principais países processadores. A Europa surpreendeu com uma alta de 1,98%, a América do Norte sofreu uma queda, já prevista, de 10,01%, enquanto a Ásia, com uma redução de apenas 1,64%, teve um resultado melhor que esperado. O Brasil registrou um pequeno aumento de 1,12%. As moagens da safra internacional 2014/2015 desses países, responsáveis por 60-65% das moagens mundiais, somaram 2.594.969 toneladas (t), 5,13% abaixo das 2.735.272 t processadas por eles em 2013/2014. Essa queda é superior aos 3,5-4,0% projetados pelo mercado para o total global, mas as previsões das moagens do resto do mundo indicam índices menores de queda ou mesmo algum crescimento.

As atenções no momento se concentram nas perspectivas da safra 2015/2016. Os analistas estão divididos. Uma corrente acha que o déficit da safra não passará de 100 mil t, montante administrável diante da fraqueza da demanda, que limitará as moagens e tenderá a deprimir os preços. Na visão desse grupo, a melhoria do manejo das plantações na Costa do Marfim compensará os efeitos negativos do clima e evitará uma redução da safra, enquanto Gana conseguirá recuperar-se do debacle de produção em 2014/2015. Outra linha de pensamento prevê um déficit de 200 mil t ou mais. Estes analistas acham que o preço melhor na Costa do Marfim não conseguirá desfazer os danos causados pelo clima adverso e que Gana terá mais um ano de produção fraca, enquanto as moagens conseguirão crescer 2%. Na visão desse grupo os preços não só se manterão nos níveis atuais, como poderão avançar mais.

O maior peso na definição dessa controvérsia caberá à safra principal da Costa do Marfim. Em condições normais, as entradas semanais nos portos costumam manter níveis elevados até o final do ano, a partir de quando começam e declinar. O grupo baixista acha que isto também será o caso neste ano, o que elevaria o resultado da safra principal para pelo menos o mesmo nível das 1,35 milhão t do ano passado. Já o campo dos altistas prevê que a curva ascendente das entradas semanais começará e inverter-se a partir de meados de novembro e resultará numa safra principal menor. Essa questão deverá ser respondida nas próximas semanas. •

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