Enfim, onde o Brasil é o primeiro

A discussão que rola pelo menos duas décadas sobre a necessidade de uma companhia se tornar responsável socialmente ou consciente, ao que parece, amadureceu. Hoje, já se notam sinais de que a aposta assumida por algumas organizações em prol desse debate tem mostrado ser a melhor escolha. Pelo menos é isso o que aponta a pesquisa multinacional “Em boa companhia: O valor do Consumidor Consciente”, da empresa americana de tecnologia Zendesk, que coloca os brasileiros no topo da lista de consumidores conscientes.

Pelo menos 87% dos brazucas entrevistados podem ser considerados consumidores conscientes, porque preferem comprar produtos ou serviços de empresas mais sustentáveis e responsáveis socialmente. Ainda que apostas crescentes em sustentabilidade e responsabilidade social cubram diversos setores, no reduto de confectionery elas ainda são modestas. Fora investimentos em plantas que demandam menos energia ou projetos de auxílio comunitário, a mais inovadora sacada que se tem conhecimento nessa direção partiu há três anos por iniciativa da Arcor. Gôndolas de todo o país começaram a receber o confeito Bon o Bon, tradicional ocupante do pódio de bombons de chocolate da marca na Argentina e mais 60 países, em uma embalagem feita com 52% de material oriundo de fontes renováveis. Foi a primeira guloseima no país cuja embalagem segue os preceitos de sustentabilidade e reduz em cerca de 60% as emissões de gases de efeito estufa, comparada a outros materiais plásticos usados na aplicação. Outro diferencial é o fato de o filme dispensar o uso do alumínio para envolvimento do chocolate, estrutura largamente utilizada em embalagens convencionais de bombons do tipo bola. Nesse caso, o metal foi substituído pelo Convergreen, marca do laminado adotado na embalagem de Bon o Bon, que recruta o biopolímero Ingeo, componente plástico produzido pela Nature Works, empresa do grupo Cargill e parceira da Arcor no desenvolvimento.

Especializada na produção de resinas ecofriendly ou amigas do meio ambiente, a Nature Works é uma das supridoras globais do ácido polilático (PLA), material base do Ingeo, e buscava aplicações para a resina no Brasil. Desde o início de sua produção nos EUA, o PLA é associado a aplicações descartáveis e, em grande parte, segue para embalagens. Atualmente, um dos maiores mercados consumidores por aqui é o de flexíveis, incluindo as sacolinhas descartáveis usadas em supermercados. Entretanto, as reviravoltas sobre as restrições e proibições na distribuição do material têm estremecido o fornecimento de PLA para essa modalidade. O importante é que composição do biopolímero Ingeo não é derivada do petróleo e sim de plantas. Dessa forma, o processo de degradação da embalagem não gera metano em aterros sanitários e diminui em 50% o consumo de energia. Encomendada pela Zendesk à Union + WebsterInternational, consultoria especializada em diagnósticos sobre marcas e hábitos de consumo, o estudo mostra ainda que o cliente brasileiro não se importa em pagar de 5% até 10% a mais pelas mercadorias dessas organizações mais sustentáveis e responsáveis. O número supera a média do resto do mundo em 77% e o Brasil lidera o ranking do levantamento feito em três continentes para descobrir como está o relacionamento entre clientes e empresas, com foco na responsabilidade social. Segundo a Zendesk, a pesquisa aponta um resultado surpreendente em relação ao Brasil e ao México, respectivamente com 87% e 85% de consumidores propensos a adquirir produtos ou serviços de organizações engajadas com o desenvolvimento das comunidades, enquanto o Reino Unido obteve 67%, o pior índice. No total, foram entrevistadas 7.010 mil pessoas da Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, Estados Unidos, França, México e Reino Unido.

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