Do forno para a boca

Pão doce avança como alternativa a outras modalidades de guloseimas

Uma minoria ou 9% dos consumidores brasileiros considera pães doces uma opção saudável a outros tipos de guloseimas doces. Pesquisa Mintel, presente no relatório recém-tirado do forno Pães e Produtos Assados, mostra que, para esses consumidores, as marcas podem posicionar variantes doces, a exemplo de pão de coco e pães de frutas, como alternativa para serem consumidas sem culpa. Eles também podem estar interessados em outras variedades de pães doces, em vez de pães tradicionais. No Reino Unido, a padaria Nova York Bakery oferece uma edição limitada de bagels (espécie de rosca) com cranberries e pedaços de laranja na massa. No Japão, a rede de lojas de conveniência Ministop lançou um pão francês elaborado com pedaços de chocolate e creme de chocolate branco, enquanto na Indonésia, a rede de padarias Surya ampliou sua linha de pães com uma variedade com sabor de banana e chocolate.
A pesquisa Mintel verificou que um grande número de consumidores dá mais importância a produtos feitos à mão àqueles produzidos em massa, acreditando que apresentem melhor qualidade e sabor. Como resultado, 28% dos consumidores de pão afirmam preferir produtos frescos aos embalados. Essa preferência dos consumidores indica que frescor é um fator essencial, que as empresas precisam oferecer aos consumidores. Uma inovação em embalagens herméticas permite aos fabricantes fornecer pães frescos por mais tempo. Tais inovações podem também significar que produtos com menos ou sem conservantes artificiais sejam capazes de atender à demanda de 13% dos consumidores que buscam por produtos naturais.
Outros 15% dos consumidores gostariam de ver mais variedades de sementes em pães embalados. A tendência de locavore identificada pela Mintel indica que os consumidores estão mais interessados em produtos locais.

Alternativas a guloseimas doces bagel com cranberries do Reino Unido e pão com banana e chocolate da Indonésia.
Alternativas a guloseimas doces bagel com cranberries do Reino Unido e pão com banana e chocolate da Indonésia.

Como frescor é uma questão fundamental para os entrevistados na hora da decisão de compra, essa característica deve ser bem destacada na embalagem como uma forma de competir com produtos frescos feitos em padarias.
No cenário atual, as tendências de saúde e bem-estar (health and wellness) representam grandes oportunidades para as estratégias de marketing das empresas. Uma importante atitude ao comprar pão é verificar as informações nutricionais nas embalagens, o que é feito por 21% dos consumidores.
Fabricantes e varejistas de pão devem se certificar que a informação é impressa de forma legível e clara nos rótulos dos produtos para incentivar a leitura. Os consumidores tendem a confiar mais em empresas transparentes a respeito dos ingredientes usados no processo de fabricação, podendo posturas como essa levar a uma percepção mais positiva da marca.

Onda sem glúten
O relatório da Mintel também capta que apenas uma minoria dos consumidores (6%) acredita que produtos sem glúten sejam adequados apenas para pessoas que tenham intolerância ao glúten. Cerca de 13% acreditam que pão sem glúten seja também adequado para pessoas que não tenham alergia ao nutriente. Um número semelhante de consumidores (12%) afirma estar interessado em uma maior variedade desses produtos. Os tipos sem glúten de boa qualidade podem ser tão saborosos e ter a mesma aparência de pães normais.
No Brasil, a oferta de produtos sem glúten está aumentando, passando de 13% dos lançamentos em 2010 para 28,9% até julho de 2015. Não mais restritos apenas a pães de forma, produtos sem glúten já fazem parte de uma vasta gama de outros segmentos e categorias, como pães para cachorro quente, pães de hambúrguer, bases para pizza, torradas e também bolachas e biscoitos. •

* André Euphrasio é analista de mercado da Mintel.

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