Claro viés de baixa

cana-de-acucar
Ronaldo Lima Santana

O mercado internacional de açúcar voltou a oscilar nos pregões de março, em um intervalo de preços que variou de 13,70 cents/lb a 12,20 cents/lb, evidenciando clara tendência de baixa.

A questão do excedente global crescente de açúcar prosseguiu dando o tom do mercado. Nesse contexto, os fundos mantiveram suas posições líquidas vendidas no período.

O gráfico abaixo mostra o comportamento dos preços do açúcar demerara na Bolsa de Nova York, tomando como base o 1º vencimento.

1º Vencimento NYNo caso do açúcar negociado no mercado doméstico (Estado de São Paulo) ao longo do período, os preços apresentaram queda, acompanhando o mercado internacional, porém com menor intensidade.

Observou-se maior pressão do lado da oferta. O excedente de produto, decorrente de exportações em declínio, impediu uma recuperação de preços. Pelo menos no nível de suporte proporcionado pelo mercado externo que, se fosse respeitado, implicaria preços domésticos, em média, cerca de 6% superiores àqueles praticados.

O gráfico abaixo apresenta os preços médios semanais negociados em São Paulo apurados pelo Índice JOB Economia e Esalq.

preços semanais do açúcar negociados no estado de São Paulo

Abril deu início à nova safra de cana-de-açúcar (2018/19), no Centro-Sul do país, com um forte viés alcooleiro, pois o suporte de preços do etanol, via gasolina/petróleo, será maior que o do açúcar. Assim, se repete a situação da safra 2015/16.

Previsões da JOB Economia indicam que a produção de açúcar deve recuar para 30 milhões de toneladas (t) nessa safra, contra 36,1 milhões de t na safra 2017/18. Já a de etanol deve acusar uma elevação para 28 bilhões de litros, contra 26,09 bilhões, em 2017/18. Com relação à moagem de cana, a expectativa é de que o volume caia para 585 milhões de t em 2018/19, lembrando que, no ciclo passado, ela ficou em 596,3 milhões de t.

Incertezas não estão neste momento do lado da oferta. As previsões de moagem de cana e produtos finais estão convergentes entre as diferentes fontes de informação. As incertezas residem do lado do crescimento da economia mundial que sustenta a demanda e preços. Um ambiente de guerra comercial entre países e conflitos de geopolítica graves prejudicam o crescimento econômico global e inibem a demanda, com menor suporte para preços. No caso do petróleo e gasolina, é muito relevante.
O clima também é motivo de incertezas. Por enquanto tudo vai bem. Em caso contrário – e a possibilidade de La Ninã existe –, a produção de commodities agrícolas é prejudicada e os preços passam a ter movimento de alta. E para açúcar, isso é crucial. ■

Ronaldo Lima Santana é sócio-gerente
da JOB Economia e Planejamento

A JOB Economia há mais de 20 anos no mercado, através de seus relatórios e trabalhos de consultoria, tem como objetivo principal antecipar movimentos de mercado para um posicionamento correto nas estratégias empresariais de seus clientes, contribuindo para um bom “trading”. Dentre seus produtos, sobressai o relatório “Monitoramen

to Semanal dos Mercados – Açúcar & Etanol”, realizado desde 1995, que fornece informações claras, objetivas e isentas sobre os mercad

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