Alta pouco provável

No período decorrido entre novembro e meados de dezembro, os preços do contrato mais negociado na Bolsa de Nova York oscilaram dentro de uma faixa ...
Thomas Hartmann

No período decorrido entre novembro e meados de dezembro, os preços do contrato mais negociado na Bolsa de Nova York oscilaram dentro de uma faixa de US$ 200. Depois de uma ligeira queda inicial, quando alcançaram seu ponto mais baixo em US$ 3.216, eles avançaram na primeira semana de dezembro para um pico de US$ 3.417, cotação mais elevada dos últimos 4-5 anos, mas não conseguiram sustentar-se e caíram para US$ 3.253, aproximando-se ao limite inferior da faixa de variação do período.

A Organização Internacional do Cacau (OICC) publicou seu boletim trimestral no final de novembro, alterando sua estimativa do resultado da safra 2014/2015 de um déficit de 15 mil toneladas (t), feita no boletim anterior em agosto, para um superávit de 36 mil t. A mudança resultou do aumento da avaliação da produção mundial líquida de 4.116 para 4.159 mil t e da redução da projeção das moagens globais de 4.131 para 4.123 mil t. Também foram feitas revisões dos resultados das duas safras anteriores: o déficit de 2012/2013 aumentou de 234 para 269 mil t e o superávit de 2013/2014 caiu de 22 para 6 mil t. Em função disso, a avaliação dos estoques mundiais em 30/09/15 permaneceu inalterada em 1.601 mil t correspondente a um stock ratio de 38,8%. Os dados da OICC estão mais ou menos no meio da faixa de variação entre as avaliações dos analistas privados e não provocaram qualquer reação do mercado. O item que mereceu destaque foi o aumento das moagens na Costa do Marfim, que, com 560 mil t na safra 2014/2015, superaram as 508 mil t da Holanda e elevaram o país africano para a primeira posição do ranking mundial.

Com o cenário da demanda consolidada em termos de estagnação ou – na melhor das hipóteses – um crescimento ínfimo, as perspectivas da produção na safra 2015/2016 continuam sendo o elemento decisivo para determinar o comportamento do mercado nos próximos meses. As entradas de cacau nos portos da Costa do Marfim estão 10-15 mil t abaixo do volume registrado na mesma época do ano passado, com a tendência de aumentar a diferença negativa que, na opinião de alguns analistas, poderá chegar a 250 mil t até o final da safra principal. Um dado inoficial das compras de Gana indicou 345 mil t até o início de dezembro. Não há números comparativos das recentes safras anteriores, mas o montante é considerado baixo para a época do ano.

Existe uma ampla divergência entre as previsões do resultado final da safra 2015/2016, oriunda basicamente das diferenças na avaliação das perspectivas de produção na África Ocidental. Elas vão de um superávit de 80 mil t a um déficit de 300 mil t. A situação deverá definir-se até o final de janeiro ou o início do fevereiro e, a depender do quadro apresentado, consolidará os preços em níveis próximos aos atuais ou provocará uma queda substancial. Um prosseguimento da alta é pouco provável.

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