A pitada certa

Envelhecimento da população acentua a demanda por alimentos com menos sal e açúcar
Naira, da Mintel dificuldade para encontrar substitutos de alimentos com muito açúcar ou sal.
Naira, da Mintel dificuldade para encontrar substitutos de alimentos com muito açúcar ou sal.
Naira, da Mintel dificuldade para encontrar substitutos de alimentos com muito açúcar ou sal.

A pesar do atual cenário brasileiro de estagnação econômica, pesquisa da Mintel identifica novas demandas para bebidas e produtos alimentícios que promovem benefícios nutricionais. Uma dessas demandas vem da população que está envelhecendo. A pesquisa capta, por exemplo, que 89% dos brasileiros acima de 55 anos concordam que vale a pena gastar mais com alimentos mais saudáveis, e quatro em cada cinco brasileiros (83%), de uma forma geral, dividem a mesma opinião. Outras exigências decorrem de problemas de saúde, como hipertensão e diabetes. “O estudo também revela que um em cada três consumidores brasileiros (29%), concorda que é difícil evitar comer produtos com muito sal. Enquanto isso, 28% admitem dificuldades de encontrar substitutos para os alimentos com muito açúcar por algo que eles gostem”, comenta Naira Sato, analista sênior das categorias de alimentação e bebida da Mintel. Com mais de dez anos de experiência na área de pesquisa, ela acumula passagens por empresas como Millward Brown, Motorola e Unilever. Além de analisar os consumidores brasileiros e latino-americanos, atuou em projetos de posicionamento de marca e desenvolvimento de mercado. Na entrevista a seguir, Naira comenta outras descobertas da pesquisa da Mintel.

DR – Existem outras dificuldades para manter uma dieta saudável?
Naira – Outras barreiras mencionadas pelos brasileiros foram as preocupações com o tempo e conveniência. A pesquisa Mintel também revela que quase dois em cinco brasileiros (38%) concordam que devido ao estilo de vida agitado, fica mais difícil comer de forma saudável. Aliás, essa barreira é mais forte entre a população de 25 a 34 anos, atingindo 44%. Além disso, um em cada três consumidores brasileiros (29%) aponta que é difícil encontrar lugares com opções de comida saudável quando saem para comer.

DR – E a questão do envelhecimento?
Naira – Segundo a pesquisa, o envelhecimento da população cria novas demandas, e a prevalência de problemas de saúde como hipertensão e diabetes faz os brasileiros buscarem produtos com menos açúcar e sódio. A falta de tempo não precisa ser um obstáculo para comer de forma saudável, pois a indústria pode criar mais opções de produtos saudáveis on-the-go, contribuindo para a melhoria dos hábitos alimentares do brasileiro, que está sempre atarefado. Conjuntamente, as marcas podem oferecer opções de açúcar mais saudáveis, como o mascavo e o demerara, que são menos processados e retêm a maior parte dos nutrientes originais da cana-de-açúcar, em comparação com a versão branca refinada. Assim, é possível falar de saúde não somente por meio de calorias, mas por nutrientes e naturalidade.

DR – Qual o impacto da internet e das redes sociais na alimentação saudável?
Naira – Segundo a pesquisa, os brasileiros, cada vez mais, adotam a internet como fonte de conhecimento sobre saúde. Aliás, nos últimos seis meses, um em cada cinco consumidores (20%) afirma que leu informações sobre alimentação saudável postadas por pessoas em blogs e ou nas redes sociais. Outro fato a ressaltar é que os consumidores mais jovens não são os únicos a utilizar fontes de informação online. A faixa etária entre 35 e 44 anos segue a mesma tendência, já que 21% deles afirmam ter assistido vídeos na internet para pegar dicas sobre alimentação saudável, em comparação com 18% da faixa etária entre 16 e 24 anos e 17% dos consumidores em geral, nos últimos seis meses.

DR – Quais as conclusões sobre a oferta de produtos saudáveis?
Naira – Os brasileiros também esperam uma maior variedade de itens disponíveis no varejo. Segundo a Mintel, 30% dos consumidores concordam com a afirmação “Eu gostaria de ver uma maior variedade de produtos saudáveis”. Eles gostariam, por exemplo, de ter acesso não apenas a itens light e orgânico, mas também a alimentos sem glúten, sem lactose e com colágeno. Alguns consumidores parecem pouco satisfeitos com a comunicação das embalagens, já que 66% deles afirmam que é difícil entender a informação nutricional contida na embalagem.

Essa dificuldade muito provavelmente é devido ao texto normalmente vir na parte de trás dos produtos em formato de tabela. Se as informações nutricionais passassem para a frente da embalagem, de uma forma clara, poderiam orientar melhor. Essa mudança pode ser altamente benéfica para as marcas já que muitos consumidores tendem a comprar produtos que têm benefícios nutricionais adicionais. •

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