A força do atacarejo

Realizado pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), o Ranking Abad/Nielsen 2017, detalhado em artigo da seção FAST NEWS desta edição, oferece um panorama abrangente do segmento atacadista distribuidor nacional. Na divulgação deste ano, chama atenção o dado que reflete o avanço do atacarejo nacional, formato eleito pelo setor atacadista doceiro nas principais capitais do país. Dados fornecidos voluntariamente por empresas do setor associadas à entidade e analisados pela consultoria Nielsen, em parceria com a FIA (Fundação Instituto de Administração), indicaram que o formato de atacarejo cresceu 11,3% em 2016, consolidando o modelo como importante canal de abastecimento das famílias em período de alto desemprego e busca por economia. A direção da Abad, no entanto, frisa que o  formato copiado do sistema cash and carry, introduzido por grandes redes atacadistas, não tira mercado dos demais modelos de negócio do setor, a exemplo do distribuidor independente,  autorizado ou exclusivo e do atacadista com entrega. Segundo a análise da Nielsen, o atacarejo incomoda principalmente os hipermercados, que tiveram queda de 7,4% em 2016 na comparação com 2015. Especialistas do ramo constatam que o segmento de atacarejo vem ganhando cada vez mais espaço e continuará sendo o principal foco de investimento do varejo alimentar nos próximos dois anos. O entendimento geral é que o formato deriva de uma forma de comércio com foco em preços baixos típicos do atacado, com serviços mais semelhantes aos do varejo, e encontrou forte demanda em 2015 e 2016. Embora o setor de varejo ainda apresente muita instabilidade, houve uma significativa recuperação nos segmentos de eletrodomésticos, bens de consumo e vestuário no primeiro trimestre deste ano, observam analistas do setor. Segundo eles, essa melhora é atribuída a duas variáveis importantes: recuperação da demanda e receita, por um lado, e retomada da margem bruta, por outro. A melhora na margem, por sua vez, mostra que as empresas estão fazendo menos liquidações, vendendo mais a preços cheios e tendo maior eficiência na gerência de estoques, principal indicador para a indústria. É sintomático que os dados do IBGE sobre os resultados de vendas do varejo em abril deste ano tenham registrado crescimento de 1% sobre o mês de março e 1,9% sobre abril de 2016. Um dos destaques positivos foi justamente o varejo alimentar. O grupo que o instituto classifica de “Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo” obteve alta de 0,9% na comparação mensal e a taxa expressiva de 3,5% sobre o mesmo mês do ano passado. Os resultados foram ligeiramente melhores para o recorte específico de hipers e supermercados, que cresceram 2% sobre o mês de março e 4%, na comparação anual. Com o resultado atual, o varejo alimentar, sustentado pelo atacarejo, diminui sua queda acumulada no ano, que agora é de apenas 1%, e também no períodos dos últimos 12 meses, que passa a ser de 2,4%.  ■

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